segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

ARTIGO: Os cariocas choram e comovem o mundo

O impressionante não é só o fato da velocidade com que a notícia nos chega aos dias de hoje, mas a velocidade com que as notícias de tragédias acontecem.
 Tsunamis e avalanches, terremotos e maremotos, trombas d’água e grandes secas, furacões, tornados e erupções vulcânicas, efeitos também, das ações individuais repetitivas no nosso dia a dia, por cada um de nós, ao longo de nossa existência, que, quando coletivamente realizadas potencializam o seu poder e a sua força, na comprovação da realidade dos ensinamentos, de que a toda ação corresponde uma reação de igual intensidade em sentido contrário.
Ao levarmos nossos filhos à escola, aos irmos ao supermercado ou a igreja, ao sairmos para o trabalho, não temos a noção do que isso representa, quando pegamos um transporte, quando queimamos combustível, numa coletividade e no nosso ambiente em relação ao tão falado efeito estufa. Em Pernambuco, na área do Porto de SUAPE, esse ano foi confirmado à instalação de uma fábrica de automóveis. Trará desenvolvimento para região, assim como, a refinaria e siderúrgica, mas, quando em produção, teremos 550 novos carros por dia, aproximadamente, mais de 200.000 carros por ano em nossas cidades, isso apenas de uma fábrica.
As chuvas descontroladas podem ser um reflexo que vem de longe, a tragédia do Rio de janeiro, que está entre os dez piores deslizamentos do mundo, já é o segundo maior no último ano e o terceiro da década segundo a ONU e a cada dia aumenta o número de vítimas, ultrapassando 540 pessoas mortas. Essas mortes podem estar associadas aos fenômenos das misteriosas e inexplicáveis mortes em massa de pássaros, no Arkansas e Louisiana, nos Estados Unidos, no México e na Suécia. Se assim for, é o que se chama de efeito borboleta.
Muitos se esquecem que vivemos em simbiose com o nosso planeta terra, que o "Efeito Borboleta"  que se refere às condições iniciais dentro da teoria do caos por Edward Lorenz é uma realidade, a qual existe uma versão mais antiga para ilustrá-la:
Por falta de um prego, a ferradura se perdeu; Por falta de uma ferradura, o cavalo se perdeu; por falta de um cavalo, o cavaleiro se perdeu; Por falta de um cavaleiro, a batalha se perdeu; Por falta de uma batalha, o reino se perdeu.
Que o prego seja a reflexão, que a ferradura a ação, que o cavalo seja a obra e o cavaleiro cada um de nós, na conquista da batalha da sustentabilidade do nosso reino, o da vida, com o bem estar em nosso planeta.
Que a conscientização esteja na mente de todos ao acender uma luz, sabendo do que foi preciso para que ela venha a iluminar as nossas vidas. A hidroelétrica de Belo Monte está ai, é foco de discussão, de desmatamento, de desequilíbrio e tudo indica que também de demissão no IBAMA, e de oito ações no Ministério Público.
As mudanças climáticas não podem ser desculpas para as enchentes, seja na Austrália ou aqui no Brasil. Mas porque essas mudanças acontecem? Lembra do prego e da ferradura? Imaginem a quantidade de litros de óleo de cozinha despejados individualmente nos ralos que vão se encontrar nos rios; de cada árvore derrubada, das cidades que crescem de forma desordenada pela ação de seus moradores e pela inércia de seus governantes, o que nos conduzem a grandes tragédias.
A tragédia no Rio de Janeiro é um drama real que nos traz muita tristeza e dor, aflora o sentimento de solidariedade e de união na tentativa de salvar vidas e nos lembra das palavras do ambientalista Alcides Tedesco, que não mais se encontra entre nós,  palavras publicadas neste Jornal e no Alô Capibaribe: ”Todos têm direito ao meio ambiente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo, preservá-lo para as presentes e futuras gerações”(Constituição Federal. Art. 225). E nós acrescentamos: para recuperar aquilo que a ação predatória da perversidade e demência humanas praticou!”
Ainda pelas palavras do professor Tedesco: “É alarmante, se não apocalíptica a situação em que o “planeta água”, nosso planeta terra, nossa casa comum se encontra! O belo “ planeta azul” está em chamas e a beira do abismo. Diariamente, os sistemas e veículos de comunicação social estarrecem-nos com os inesperados dilúvios destruidores; com os tufões varredores; com o avanço devorador do mar sobre nossos quintais; com a poluição e envenenamento das águas; com os desmatamentos criminosos; com o aquecimento planetário progressivo e intratável. Essa sombria e trágica ladainha poderia, infelizmente, alongar-se!”
E para combater o entendimento do ambiente como algo alheio ao ser humano, um paradigma que ainda hoje encontra dificuldades para ser enfrentado, o belíssimo texto do professor Vasconcelos Sobrinho, “Os dez mandamentos da Ecologia”:
1. Ama a Deus sobre todas as coisas e a Natureza como a ti mesmo.
2. Não defenderás a Natureza em vão, apenas com palavras, mas através de teus atos.
3. Guardarás as florestas virgens, pois tua vida depende delas.
4. Honrarás a fauna, a flora, todas as formas de vida, e não apenas a humana.
5. Não matarás.
6. Não pecarás contra a pureza do ar deixando que a indústria suje o que a criança respira.
7. Não furtarás da terra sua camada de húmus, raspando-a com o trator, condenando o solo à esterilidade.
8. Não levantarás falso testemunho dizendo que o lucro e o progresso justificam teus crimes.
9. Não desejarás para teu proveito que as fontes e os rios se envenenem com o lixo industrial.
10. Não cobiçarás objetos e adornos para cuja fabricação é preciso destruir a paisagem: a terra também pertence aos que ainda estão por nascer.

Com esses Mandamentos, solidários com os que sobreviveram à tragédia do Rio de Janeiro, vamos fazer valer de forma permanente, a Campanha da Fraternidade, da Igreja Católica no Brasil, especialmente no período da Quaresma de 2011, cujo tema é, “Fraternidade e a vida no planeta”, com o lema, “A criação geme em dores de parto” (Rm 8, 22).  Aqui e no Rio, em Janeiro de 2011.
 
Joaquim De’ Carli de Paula
Leiloeiro Oficial – Pernambuco

Artigo publicado no Jornal Primeiro Lance
Jornal da classe dos leiloeiros
Edição 522 - De 14 a 22 de Janeiro de 2011 - Pág. 15 -

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aqui seus comentários, sugestões e críticas: